Um ano de vida e muitos meses de inatividade. Lamentando o segundo, este blog comemora o primeiro. No dia 31 de outubro de 2012, eusouracional veio à vida. Dia das bruxas e dia da Reforma Protestante – dois grupos que solidariamente já compartilharam o abafadiço da fogueira. (Licença para piada vil e ligeiramente falaciosa)
Pedimos desculpas aos leitores pelo silêncio e esperamos surpreendê-los ao dizer que o blog não encerrou suas atividades. Alguns de nós estamos envolvidos em um novo projeto, a ser lançado em fevereiro. Outros estão cheios de ideias em potência, que aguardam um sopro final para se tornarem ato.
Assim sendo, e já fazendo um trocadilho irresistível no dia da Reforma, sejam indulgentes para conosco. Abaixo vai um post simples e breve sobre a cachorrice que anda rolando por aí.
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“Quanto mais conheço os homens, mais admiro os cães”. É uma dessas frases anônimas que poderia ser atribuída à Clarice Lispector e que sempre circulou inofensiva por aí. Nas últimas semanas o aforismo ganhou um significado bem real. Poupo os leitores dos fatos sobre o Instituto Royal, os beagles e tudo aquilo.
Minha questão provém de uma estupefação com a desumanidade em relação aos homens, não em relação aos cães (que não são humanos, sói lembrar). Ao descobrirem o inédito fato que animais são usados como cobaias para as ciências médicas, muitas vozes, num elã de indignação, decidiram que isso deve cessar.
O pressuposto necessário para que se possa aventar essa ideia é uma visão de homem enquanto parte constitutiva e exclusiva do reino animal. O homem não é mais que uma besta no campo, um bípede no topo da cadeia evolutiva. Enquanto tal, ele é moralmente emparelhado a todos os outros animais. Como o presidiário comete delitos e os beagles são isentos de contravenções, a justiça demanda que o primeiro seja punido e o segundo seja inocentado. Como os animais beagles logram uma superioridade moral em relação aos animais homens, estes são candidatos muito mais apropriados ao posto de cobaias do que aqueles.
Só uma visão naturalista legitima as cobaias humanas. Andrew Goliszek mostrou as abominações que essa antropologia pode ocasionar por meio da eugenia. A contemplação do homem como um conjunto de células tão bom quanto qualquer outro animal ou qualquer outra coisa deve ser temida e rejeitada, sob o risco de um novo réquiem pela raça humana. O homem é criado de forma especial por Deus. Algo no homem se ausenta em qualquer outro ser: a imagem e semelhança do ser supremo, o sopro de vida que distingue a humanidade da matilha. Infratores morais não são animais raivosos, transgressores de uma ética animalesca. São homens falhos, corrompidos pelo pecado, mas que preservam sua humanidade, não obstante. São homens passíveis de arrependimento, de conversão moral, de edificação espiritual. Não se encontram, nunca, abaixo de um canino, por pior que sejam.
Só uma visão naturalista legitima as cobaias humanas. Andrew Goliszek mostrou as abominações que essa antropologia pode ocasionar por meio da eugenia. A contemplação do homem como um conjunto de células tão bom quanto qualquer outro animal ou qualquer outra coisa deve ser temida e rejeitada, sob o risco de um novo réquiem pela raça humana. O homem é criado de forma especial por Deus. Algo no homem se ausenta em qualquer outro ser: a imagem e semelhança do ser supremo, o sopro de vida que distingue a humanidade da matilha. Infratores morais não são animais raivosos, transgressores de uma ética animalesca. São homens falhos, corrompidos pelo pecado, mas que preservam sua humanidade, não obstante. São homens passíveis de arrependimento, de conversão moral, de edificação espiritual. Não se encontram, nunca, abaixo de um canino, por pior que sejam.

A implementação de experimentos médicos em infratores vem cheio do discurso do “duplo benefício”. De um lado, pune-se, de outro, lucra-se. Que mal tem? É nefanda a perspectiva da punição exclusiva, sem qualquer forma de reabilitação, de resgate, de reeducação do contraventor. Não passa, isso, de vingança. Transfazer os presídios em imensos laboratórios é formalizar a ideia de que não há salvação para delinquentes, é promover o ódio aos fautores do delito, é sagrar a vingança como justiça. E apenas Deus, o justo juiz, tem essa licença e poder.
Por fim, é sempre relevante lembrar o mandato cultural de Gênesis e o objetivo da ciência.
“E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Gn 1:28)
Não é uma sugestão, é uma ordem. Não é, também, um alvará de torturas, uma licença para sevícias. É o reconhecimento de Deus de que homens, independente de nossas simpatias animalescas e antipatias antrópicas, são ontologicamente superiores aos animais. É também a solução de Deus para remediar os efeitos da Queda. Dores de parto, infertilidade da terra, doenças, tudo isso que há no mundo, fruto do pecado humano, deve ser sanado pela sujeição e cooperação das outras criaturas de Deus.
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Titânia apaixonada por um asno em Sonho de uma Noite de Verão, de Shakespeare. |
Parabéns a todos pelo primeiro ano do blog!
ResponderExcluirGosto das reflexões semeadas aqui.
Esperando por atividade! :)
ResponderExcluirPedro e administradores do blog,
ResponderExcluirTodos os leitores do blog estão felizes com a noticia de um futuro promissor, e sendo este um dos poucos blogs conservadores, tenho que dizer que me tornarei leitor deste lugar. Continuem o ótimo trabalho em tirar o véu esquerdista que está cegando a nossa juventude, pois hoje infelizmente temos que concordar com Olavo de Carvalho quando ele diz "Um mundo que confia seu futuro ao discernimento dos jovens é um mundo velho e cansado, que já não tem futuro algum." boa sorte este ano, tenho certeza que alcançarão suas metas com este blog.
Ancioso até a próxima postagem,
Andrew Ryan.